Má alimentação, obesidade e covid. Qual a relação?
A obesidade vem sendo discutida como um importante fator de mau prognóstico em pacientes com COVID-19, principalmente por já ser observada como um fator de risco em outras síndromes gripais, como a H1N1.
Em resumo, o tecido adiposo é um reservatório para propagação viral, ativação imune e amplificação de citocinas no COVID-19. Além disso, destaca-se que o patógeno tem tropismo aumentado pelo tecido adiposo, dessa forma, prolongado a presença do vírus no organismo.
Existem diversos trabalhos acerca do assunto. Na China, um estudo calculou que 88% dos pacientes mortos pela doença tinham índice de Massa Corporal (IMC) > 25 (o limite para o sobrepeso). Além disso, 91.1% dos sobreviventes possuíam IMC < 25.
Um importante estudo francês, determinou que o sobrepeso e a obesidade estão relacionados com necessidade do uso de respiradores em pessoas com COVID-19. A proporção de pacientes que necessitaram de VMI (ventilação mecânica invasiva) aumentou com as categorias de IMC, e foi maior nos pacientes com IMC > 35 kg/m2 (85,7%). Sendo que essa necessidade de respiradores é o dobro do que daquelas pessoas que não apresentam sobrepeso ou obesidade.
Outro estudo americano, concluiu que o IMC alto resultava em mais internações e necessidade de ventilação mecânica. Observaram também que um maior número de marcadores inflamatórios estava presente nos casos mais graves da doença, portanto, seria importante que os médicos testassem os pacientes durante a hospitalização para prever quais os pacientes que possivelmente teriam mais riscos de complicações.
Fontes:
Ryan, P. M. et al. Is Adipose Tissue a Reservoir for Viral Spread, Immune Activation and Cytokine Amplification in COVID‐19. Obesity. 2020. doi:10.1002/oby.22843
Simonnet, Arthur et al. “High prevalence of obesity in severe acute respiratory syndrome coronavirus-2 (SARS-CoV-2) requiring invasive mechanical ventilation.” Obesity (Silver Spring, Md.), 10.1002/oby.22831. 9 Apr. 2020, doi:10.1002/oby.22831